Eleições 2012 – O que não fazer na gravação de um boletim de TV

No último domingo (7) participei da cobertura das eleições na TV Cultura. Fui enviada para entrevistar o candidato Gabriel Chalita (PMDB) em seu comitê no centro de São Paulo. Nada muito complicado se eu não tivesse que entrar ao vivo (medo!).

Equipamento montado, áudio corrigido, carro móvel conectado, mic funcionando… estava tudo ok para começarmos, mas nada do candidato aparecer.

Eis que a assessora chega dando a melhor notícia… “Então, o Chalita está indo para Pinheiros e ele ainda vai se pronunciar mais cedo”. Eu dei um nítido sorriso amarelo e virei as costas correndo para avisar a equipe.

Corre para lá, corre para cá e chegamos até que rápido em Pinheiros, no escritório do vice-presidente da república e cabeça do PMDB, Michel Temer. Porém, nosso carro móvel, para fazer a conexão via satélite para entrarmos ao vivo, não conseguiu chegar a tempo e os técnicos confirmaram que iria levar 20 minutos para montar o equipamento.

Antes que pudéssemos discutir qualquer possibilidade, Chalita chegou sorridente, por volta das 20h, e no meio da rua deu início a uma coletiva para dezenas de jornalistas.

Empurra empurra para lá, uma microfonada na cabeça de um, pontapé em outro, levei um chute sem querer no tornozelo e nesse clima de muvuca gravamos o primeiro depoimento de Chalita. Com o carro móvel já funcionando, nós conseguimos fazer a geração do material para a emissora.

Chalita agradeceu os jornalistas e entrou no escritório para uma reunião com membros do seu partido. A assessora também agradeceu nossa presença e avisou que o candidato não iria mais falar e pedia para que fossemos embora.

É claro que não fomos (risos)… só o carro móvel que foi dispensado pela chefia.

A esperança era que o candidato revelasse no próprio dia para quem iria seu apoio para o 2º turno (Chalita foi o 4º candidato mais votado com cerca de 14% das intenções de voto).

Ficamos em pé, na frente do escritório esperando o candidato sair para tentar roubar uma frasezinha se quer a respeito do assunto. Equipes de outras emissoras acabaram indo embora acreditando na assessora, outros vencidos pelo cansaço ou satisfeitos com o material da primeira coletiva mesmo sem ele ter se pronunciando sobre a questão do apoio.

Depois de 1h30, o candidato saiu do escritório ao lado de Marianne Pinotti, sua vice na legenda, e parou para conversar com os jornalistas, contrariando sua assessora.

Como sou baixinha (1,58) consegui passar por baixa dos braços de um repórter e fiquei na melhor posição possível para entrevistá-lo (uhul!)

Chalita negou que apoiaria Fernando Haddad (PT) no 2º turno e que essa possibilidade nem havia sido discutida, mas os veículos de imprensa já noticiavam um possível apoio. Ele ainda comentou que “seria um prazer sentar para conversar” com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com o depoimento na mão, gravei um boletim de 30 seg e seguimos para a emissora.

Levei o vídeo para o apresentador e repórter especial da TV Cultura Aldo Quiroga analisar. Como foca no quesito é claro que vacilei em alguns pontos e acertei em outros que foram destacados por ele:

Informação: De tudo o que foi passado na coletiva eu soube priorizar as infos mais importantes. Ponto positivo!

TextoAssim como na reportagem nós usamos a técnica da pirâmide invertida, ou seja, os fatos mais importantes são utilizados para abrir o texto jornalístico, enquanto as de menor relevância aparecem na sequência, o mesmo vale para o texto falado em um boletim ou em uma passagem. Qual era o assunto mais importante que eu disse e o menos importante? Reveja o vídeo e pense um pouco… o relevante ali era o fato do Chalita não apoiar o Haddad e eu dei essa informação por último (deveria ter sido a primeira info a ser dada), o fato menos importante foi sobre o Chalita estar feliz com o resultado em torno de 14% e eu dei essa info primeiro (deveria ter sido a última coisa a ser dita)… “mas tudo bem porque o telespectador nem ia perceber mesmo” (eu disse para o Aldo tentando me safar… hehehe).

Fala: um pouco rápida, mas sem tropeços e mostrando segurança (ufa!)

Postura: a postura estava ok e ele disse que eu fiquei bem no vídeo (eba!), mas fui advertida quanto a movimentação excessiva das mãos, fato que pode acabar distraindo o telespectador.

Microfone: a forma como se segura o microfone pode transmitir nervosismo ou tranquilidade ao telespectador. De acordo com o Aldo, eu poderia ter segurado o mic com muito mais leveza até para demonstrar familiaridade com a ferramenta.

Finalização: no fim do boletim eu acabei “desarmando”, que é quando o repórter, no fim da fala, termina o texto e não continua posicionado por pelo menos mais alguns segundos. Quando o repórter desarma praticamente junto com a finalização do texto acaba prejudicando o trabalho do editor de imagem que não encontra ponto de corte.

Balanço: “muito bom” para quem estava fazendo isso pela primeira vez (eba! passei!)

E vocês o que acharam?

26 respostas em “Eleições 2012 – O que não fazer na gravação de um boletim de TV

  1. Mandou muito bem, Adriana. Ainda mais se tratando da primeira vez ao vivo. Bom, eu reparei na gesticulação da mão, mas nada que incomodasse e no “desarme”, termo que até então não conhecia. O desarme para o telespectador passa despercebido, mas para quem vai editar… Estou decupando o material do meu TCC e me deparei com alguns desarmes rs. Isso aí, sucesso! E parabéns!

    • Oi Edu!

      Essa questão de “desarmar” às vezes passa despercebido pelo telespectador mesmo, mas para o editor de imagem é um sufoco total. Em alguns casos não tem o que fazer na edição ou cobre ou deixa como está.
      Quanto ao seu TCC, você que está fazendo a reportagem? Como está?

      Abs,

      Adriana

  2. Dri, eu não posso falar muito porque eu que não estudei e não faço, hahaha, mas já que você perguntou, lá vai:
    Como telespectadora, olhei mesmo para as suas mãos (ainda mais por serem clarinhas e estava tudo escuro) e fiquei notando vc iiindo e viindo (o que é isso?). Corri para pegar seu ritmo de fala (mas entendi bem) e gostei da segurança do seu tom de voz. Como a chamada foi mais séria, isso de desarmar estragou um pouco, mas acho que varia muito de acordo com o assunto, canal, sei lá. Talvez se fosse um outro assunto, mais leve, divertido, não teria impacto.
    Obaaa! Quero te ver, até hj não vi. =( Bom trabalho, guria. Bjs.

    • Oi Ju!

      Obrigada pela resposta. Esse boletim acabou sendo feito no susto, mas valeu muito a pena a experiência.
      O vídeo convertido para .mov acabou escurecendo a imagem não sei porque. Na gravação não estava assim tão escuro.
      A parte de desarmar é um ponto que eu deveria ter tomado cuidado, mas eu tentei regravar o boletim mais vezes só que não deu… eu comecei a errar demais e tivemos um outro problema técnico também. Aí, no cansaço eu resolvi ficar com essa opção e não regravar mais.

      Obrigada e quero te ver mais por aqui!

      Bjs,

      Adriana

  3. Dri, que legal! Achei muito bom para uma primeira vez! Muito melhor do que as que vi durante nossas aulas de tele na PUC! Você avançou muito. Parabéns! E esse boletim chegou a entrar ao vivo? Você já tinha treinado pelo menos um pouquinho antes, né?

    Beijos!!

    • Oi Brux! Não foi ao vivo não eu fiz gravado e consegui treinar um pouco antes, sim.
      Eu me enrolei um pouco, tentei escrever o texto em um bloco, mas na hora de decorar não dava certo aí eu larguei mão e resolvi falar sem ter que decorar. Listei o que eu dizer e foi… heeheh se tivesse dado certo o ao vivo não sei como teria sido não ahhaahah

      • Nossa Adriana muito legal. Dá pra perceber que está começando e isso é super normal. O mais legal é que você conversou com o telespectador e vejo muita gente que atua na área que não faz isso. Você fica muito bem no vídeo e tem o uma boa noção de como fazer. Logo mesmo estará fera… Sou seu fã…

      • Oi Igor!

        Que legal que você gostou! Nesse dia eu tinha entrado às 7h da manhã na Folha e às 20h estava em Pinheiros para entrevistar o Chalita, ou seja, já estava acaba mesmo na hora de gravar o boletim. Enfim, super valeu a experiência =)
        Eu também sou sua fã! Sinto saudades do seu jeito engraçado. Logo logo marcamos alguma coisa, hein =)

        bjs

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